domingo, 20 de novembro de 2011

A Prostituta, o Profeta e o Amor incondicional

Essa história se passa no século 8 antes de Cristo. É uma história de amor, de amor incondicional. Gômer era mulher, filha de Diblaim e prostituta. Oséias era homem, filho de Beeri e profeta. O caminho deles jamais se cruzaria. Era como se um seguisse para a esquerda enquanto o outro firmemente corria para a direita. Oséias vivia para agradar a Deus. Gômer para satisfazer seus amantes. Oséias era admirado e honrado pelas autoridades civis e eclesiásticas. Gômer era desprezada e humilhada. Apontada de longe pelas outras mulheres e usada, como objeto, pelos homens. Oséias era o porta-voz do amor de Deus. Gômer não sabia o que era amor.
E foi esse amor, desconhecido por Gômer, que juntou a vida dos dois.
Num belo dia, quando conversava com Deus, Oséias ouviu uma estranha orientação: era para ele se casar com uma mulher adúltera. Que inusitado! A ordem de se casar já era por si estranha, mas se casar com uma mulher adúltera? Era demais! Quando sabemos de alguma pessoa querida que vai se casar logo perguntamos: “Com quem?”. A preocupação é para saber se a outra pessoa está à altura, se é tão bonito, tão bom, tão legal, tão merecedor para se casar com alguém tão estimado. Creio que esse juízo de valores não era diferente naquela época. Um profeta casar-se com uma prostituta? Que babado! Que escândalo!
Oséias casou com Gômer. Levou-a para sua casa. Deu-lhe seu sobrenome. Comprou-lhe roupas novas. Sentou com ela à mesa. Ele a amou. Teve com ela 3 filhos. Dividiu a sua vida, compartilhou seu coração.
Os anos se passaram, os dois tinham uma vida em comum. Tinham, até Gômer sentir saudade da sua velha vida e voltar para os seus amantes. Ela abandonou seu lar, seu esposo, seus filhos e voltou para as ruas, voltou a se prostituir.
Não consigo imaginar a dor de Oséias. Mas, era a mesma dor de Deus. O casamento de Oséias com Gômer era o símbolo do casamento de Deus conosco. Éramos prostitutos, adúlteros e não conhecíamos o amor verdadeiro. Até que O AMOR entrou em cena. Ele se apresentou a nós e transformou nossa vida. Mas, errantes que somos, demos as costas para ele e voltamos para o lugar de onde viemos.
Oséias poderia ter matado Gômer. Ele poderia tê-la riscado da sua vida. Ele poderia também virar as costas para ela. Mas não foi isso que ele fez. E ele ouviu o que era pra fazer:
“Vá, trate novamente com amor sua mulher, apesar de ela ser amada por outro e ser adúltera. Ame-a como o Senhor ama os israelitas, apesar de eles se voltarem para outros deuses”.
Difícil não? Oséias tinha que perdoar a sua esposa e não só isso. Deveria tratá-la com amor e trazê-la novamente para casa. “Por isso eu a comprei por 180 gramas de prata e um barril e meio de cevada. E eu lhe disse: Você viverá comigo por muitos dias; não será mais prostituta nem pertencerá a nenhum outro homem, e eu viverei com você”.
Fico tentando imaginar aquele dia. Oséias sai de casa, com todas as suas economias, e vai até a casa de prostituição, onde Gômer trabalhava para um cafetão e se prostituía dia e noite. Ele entra na casa. Vê sua mulher seminua, se humilhando para receber uns trocados ou um prato de comida. Ela chora. Ela está arrependida de tudo que deixou para trás. Ela está com saudades dos filhos.
Ele se aproxima. O marido traído que abriu mão do seu orgulho coloca agora todo o dinheiro que tem em cima da mesa, olha nos olhos de Gômer e diz: “Venha. Eu me casarei com você de novo e agora para sempre. Eu me casarei com você com justiça e retidão, com amor e compaixão. Venha, vamos voltar para nossa casa, para nossos filhos. Venha, eu vim te buscar!” Consegue vislumbrar o rosto mergulhado em lágrimas de Gômer?
Rsrs... Não, não dá pra entender esse amor. Porque esse não é o amor de nenhum homem. Nenhum dos amantes de Gômer poderia amá-la dessa forma. Esse é o amor incondicional de Deus.
O amor de Deus não se baseia no que eu faço ou deixo de fazer. Não há nada que eu possa fazer para que Ele me ame mais ou menos. Ele me ama e pronto. O amor de Deus não se baseia no meu reconhecimento. Antes de o conhecer, Ele já me amava. O amor de Deus não é vingativo e nem se baseia na justiça própria. Perdão é seu início, misericórdia é seu alimento.
Eu me identifico com Gômer. Eu sou esta mulher indigna. Nada mereço. Nada tenho. Nada sou. Mas, sabe... ELE ME AMA! Com um amor sincero, desprovido de interesse e incondicional. E justamente a mim, que nem O conhecia...

4 comentários:

  1. Pois é menina, no meio cristão, há muito isso, muito preconceito. Como sabes, sou divorciada, apenas isso... e já é motivo para ser considerada uma Gômer, ja perdi oportunidades ótima de amar e ser amada, prq fui julgada segundo preceitos de homens e não pelo amor incondicional de Deus. Mas por um lado acho bom, como sabemos q os que se dizem cristão e não amam como cristão, nao passam de lobos disfarçado de ovelhas, talvez estaria numa fria.

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  2. Compreendo o que vc fala. Mas, esse amor, que teve como alvo Gômer, nunca poderia vir de um homem. É o amor de Deus. Ninguém conseguiria amar dessa forma se não fosse o próprio AMOR a gerar. Por isso nossa expectativa não deve estar em homens, mas em Deus...

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  3. Incrível, Fabiana, voce foi realmente inspirada por Deus para escrever esse texto... que nos mostra claramente o amor de Deus em nossas vidas!!! Deus te abençoe.

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    1. Que inspiração, um coração rasgado, como de irmões pantaneiro. Que Deus continue te abençoando e te inspirando. lindo texto. Honório Neto Igreja Neo Testamentária Barão de Melgaço MT

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