sexta-feira, 15 de maio de 2009

Entre o barco e o mar

A busca por abrigo, por um lugar seguro e por tranqüilidade é inerente ao ser humano. As pessoas trabalham duro pra ter uma casa segura e confortável, uma vida tranqüila, um tempo de descanso... É verdade, buscamos isso.
Mas hoje fui bastante confrontada com um trecho famoso da Bíblia, que eu já li dezenas de vezes, e me fez pensar sobre as minhas escolhas. Trata-se do episódio em que Jesus e Pedro andaram por sobre as águas. Vou tentar resumi-lo em poucas linhas, mas você terá mais detalhes se ler Mateus 14: 22-32.
Era madrugada e os discípulos de Jesus estavam num barco que se afastou da orla por causa dos ventos fortes. Jesus foi até seus discípulos andando por sobre as águas, o que muito os atemorizou. Pedro, o mais pra frente de todos eles, pediu a Jesus que ele também caminhasse sobre as águas, ao que Jesus respondeu: ‘Vem!’. Ele, então, saiu do barco, caminhou por uns instantes em direção a Jesus até a sua visão ser distraída pela força da tempestade. Foi quando ele começou a afundar, Jesus veio ao seu encontro, salvou-o, levou-o de volta ao barco e a tempestade cessou.
Diante de tantas coisas maravilhosas e esplêndidas nessa história, o que mais me chamou a atenção foi a parte final, quando Pedro voltou ao barco e a tempestade acabou. Pronto, ele estava seguro no barco. Já vi muitos filmes sobre naufrágios e lembro que quando havia uma tempestade no mar o mais prudente para os marinheiros era se agarrar a um mastro bem forte do navio e não soltá-lo jamais. Nunca vi ninguém pulando em alto mar para se salvar de uma tempestade. Mas aqui...
Às vezes as tempestades em nossa vida tentam nos intimidar. Digo isso porque estou passando por uma. Ventos fortes, contrários, que me causam medo e me abalam. É quase impossível não prestar atenção neles. Parece que vou afundar, que vou morrer submergida pelas águas...
Mas, sabe, o que aprendi hoje? É que eu posso caminhar mesmo em meio à tempestade. Caminhar em direção Àquele que me diz ‘Vem’. Um passo atrás do outro, sem muletas, sem o chão firme, apenas caminhando em fé...
Eu também posso voltar para o barco, voltar para o lugar seguro, para a tranqüilidade, onde não há tempestade, perseguição, problemas financeiros, desafios... Onde eu não sou confrontada, nem incomodada, onde nada me implica a mudar. O próprio Jesus me ajuda a chegar no barco se eu quiser. Sabe, eu posso escolher também o barco...
Mas escolher o barco significa não romper. Escolher o barco significa não crescer. Escolher o barco significa sucumbir ao medo. Escolher o barco significa não caminhar sobre as águas...
Sim, os ventos ainda sopram forte. Mas eu prefiro caminhar na escuridão e na imensidão das águas, mesmo correndo o risco de afundar, a ter que voltar à minha zona de conforto e segurança. Em meio à tempestade eu me lanço ao mar...