segunda-feira, 17 de maio de 2010

O aniversário do Inácio

Nunca conheci nenhuma criança chamada Inácio. Prá mim, Inácio sempre foi nome de adulto. De adulto e de presidente, só. Até que aqui, em Barão de Melgaço, essa linda cidade pantaneira, fui apresentada a um garotinho franzino, de cabelos claros e crespos, de cabecinha redonda e sorriso cerrado nos lábios. De poucas expressões, mas de um olhar profundo e brilhante. Ele é filho de um casal da igreja com que temos trabalhado. Já estamos na quarta semana e colecionamos muitos amigos por aqui. Ele também mora nos arredores e sempre vem nos visitar.
Inácio tinha um sonho. Já se aproximava sua quarta primavera e tudo que ele mais queria era uma festinha. Ele nunca teve uma festa de aniversário. Sua família, bastante carente, nunca teve condições de lhe proporcionar tamanha alegria. Mas, devido a insistência de Inácio, sua mãe decidiu usar o dinheiro do 'Bolsa Família' para fazer a festa.
O dia marcado era sábado. Após o culto tradicional, o salão da igreja seria o cenário do sonho de Inácio. Fiquei reparando nas pessoas que chegavam. Havia muitos rostos diferentes, provavelmente convidados de Inácio. Ele, no entanto, pouco os percebia. Estava sentado, num dos primeiros bancos, de vermelho e jeans, apertava os dedos da mão, numa demonstração clássica de nervosismo e ansiedade. A cada cinco segundos seu olhar buscava a porta. Onde estaria o bolo? Quando então as luzes se apagaram e o bolo, de cobertura azul, apontou na entrada da igreja, Inácio deu o mais belo sorriso de todo o Pantanal. Num pulo ele foi parar na reta por onde o bolo passaria. Ninguém conseguirá definir em palavras o tamanho da felicidade de Inácio.
Horas antes, ajudamos a encher as bexigas do aniversário e fizemos uma vaquinha pra comprar um presentinho. Sabe, não havia muitas coisas na festinha, era o bolo, pipocas, refrigerantes, algumas bexigas e quase nenhum presente. Mas para Inácio, bom para Inácio era o paraíso! Era a realização de um sonho, do seu tão esperado sonho... Feliz aniversário Inácio!

ATIVIDADES

Além de termos o privilégio de compartilhar e contribuir com a alegria do povo pantaneiro, nessas últimas duas semanas nós fizemos diversas atividades. Evangelizamos em escolas, no Festival de Pesca, ensinamos na igreja, fizemos visitas na vizinhança e um censo para conhecer melhor a comunidade da Vila do Recreio, onde temos morado.
Percebemos que a maioria das pessoas não terminou o Ensino Fundamental, não têm os documentos básicos e nem um emprego estável. Temos encorajado a igreja local a ser resposta a essas e outras necessidades. Nessa semana, vamos para Retiro São Bento e São Pedro de Joselândia, no coração do pantanal. Lá nosso desafio será ainda maior. Quer ir comigo?

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Meu Pé-Di-Reito-Sem-Unha

Sempre ouvi dizer que entrar num lugar com o pé direito era sinal de sorte. Há quem faça malabarismos para sair da cama e pisar no chão, primeiro, com o pé direito. Se isso atrai bons fluidos em não sei, só sei que meu pé direito tem passado por maus bocados...
Ainda estava em Vitória quando percebi algo estranho na unha do dedão. Ela estava escura, fofa e solta. Não sei ao certo quando começou, mas depois qeu percebi, não tirei mais os olhos da unha. Também não sei ao certo a razão dela ter ficado assim, imagino ter sido por causa de um sapato fechado e apertado que eu usei. Mas há quem diga que o motivo foi a ação de fungos, outros, que a culpa foi da pobre da manicure que fez meu pé há muito tempo. A razão eu não sei, mas desde então, por via das dúvidas, não usei mais sapatos, nem fui à manicure e fiquei bastante atenta para não deixar nenhum bichinho chegar perto do meu dedão.
Os dias foram passando e a unha não melhorou, apesar dos meus cuidados. Tive que me acostumar à nova rotina de não pisar de qualquer jeito e nem em qualquer lugar. Mas ainda assim tive de tomar a dificil decisão de cortar a unha, jogar fora a parte podre e deixá-la ainda mais exposta.
Dramas à parte, foi uma decisão dificíl. Quem nunca levou uma topada ou arrancou a cabeça do dedão que atire a primeira pedra. Eu estava com medo. Medo de sentir dor, medo da vergonha de ter um dedo sem unha. Medo da situação piorar. Mas era a única saída: enfrentar o alicate.
Bom, bonito, bonito meu dedo não ficou, como pode-se ver pela foto. Mas, com os meus cuidados ele está melhorando. Ele está ficando saudável. E não precisa ser bonito, o que importa é ter saúde, não é isso o que dizem?!!...rs...
E ele, o meu pé direito, tem me acompanhado. Esteve comigo no comissionamento em Vitória, entrou comigo no avião para Cuiabá, tem suado comigo nos dias quentes dessa terra tão linda, tem mergulhado nos rios pantaneiros, tem entrado nos lares desse povo simples, hospitaleiro e de fala corrida, tem conhecido e compartilhado de sua cultura, de sua comida, de seus costumes... Apesar de sua debilidade, ele tem cumprido fielmente sua missão: Tem me conduzido, dia após dia...
E enquanto escrevo vem à minha cabeça que minha vida bem poderia ser comparada ao meu pé direito. Às vezes partes de mim estão feridas e machucadas, talvez devido a escolha de entrar em "sapatos fechados e apertados", ou ainda, não por culpa minha, mas pelo fato de ser atacada por "fungos". Ou, quem sabe, por permitir que 'manicures' mexam onde não deveriam. Nunca será fácil enfrentar o 'alicate da cura', mas meu descanso é saber que assim como estou cuidando do meu pé direito, há Alguém, maior do que eu, cuidando de mim.
Ah, e é claro, ainda existe aquela promessa: 'Quão formosos são os pés dos que...', bom, acho que todo mundo sabe o restante!

DESAFIO PANTANAL
De: 21 de abril a 15 de junho
Atividades: Ações sociais e humanitárias, evangelismo, discipulado, recreação infantil, palestras em escolas, impactos em praças, igrejas e ruas.
Como ajudar: Oração e apoio financeiro.
Contato: fabiana.tostes@hotmail.com
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
Agência: 1034
Conta Poupança: 00003990-0
Variação: 013